Fontes
da imagens:
http://anidabar.wordpress.com/2011/06/15/bertold-brecht-1/
BERTOLT
BRECHT
Se
os Tubarões fossem Homens
Se
os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes
pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir
resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos
de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam
para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas
as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho
ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que
não morressem antes do tempo (de serem comidos, subentende-se).
Para
que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma
festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os
tristonhos.
Naturalmente
também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos
aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam,
por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes
tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria
naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados
de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um
peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões,
sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos
peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria
garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos
deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa,
materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os
tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se
os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si
a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros. As
guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles
ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões
existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos
são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas,
sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que
na guerra matasse alguns silenciosos peixinhos inimigos da outra
língua, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e
receberia o título de herói.
Se
os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também
uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões
seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas
como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar
magnificamente.
Os
teatros do fundo do mar mostrariam como os heróicos peixinhos nadam
entusiasmados para as guelas dos tubarões. A música seria tão
bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na
frente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e
possuídos pelos mais agradáveis pensamentos.
Também
haveria uma religião ali. Se os tubarões fossem homens, eles
ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que
começaria verdadeiramente a vida.
Por
certo, também acabaria, se os tubarões fossem homens, a igualdade
que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e
seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores
poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos
tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais frequentemente
maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os
cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes
chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros na construção
de caixas.
Em
resumo, aí haveria civilização no mar, se os tubarões fossem
homens.
(com
alguns retoques de LdeM)
para
ouvir
texto
original (auf Deutsch)
Wenn
die Haifische Menschen wäre
"Wenn
die Haifische Menschen wären, fragte Herrn K. die kleine Tochter
seiner Wirtin, "wären sie dann netter zu den kleinen Fischen?"
"Sicher",
sagte er. "Wenn die Haifische Menschen wären, würden sie im
Meer für die kleinen Fische gewaltige Kästen bauen lassen, mit
allerhand Nahrung drin, sowohl Pflanzen als auch Tierzeug. Sie würden
dafür sorgen, dass die Kästen immer frisches Wasser hätten, und
sie würden überhaupt allerhand sanitärische Maßnahmen treffen,
wenn z.B. ein Fischlein sich die Flosse verletzten würde, dann würde
ihm sogleich ein Verband gemacht, damit es den Haifischen nicht
wegstürbe vor der Zeit.
Damit
die Fischlein nicht trübsinnig würde, gäbe es ab und zu große
Wasserfeste; denn lustige Fischlein schmecken besser als trübsinnige.
Es
gäbe natürlich auch Schulen in den großen Kästen. In diesen
Schulen würden die Fischlein lernen, wie man in den Rachen der
Haifische schwimmt. Sie würden z.B. Geographie brauchen, damit sie
die großen Haifische, die faul irgendwo rumliegen, finden könnten.
Die Hauptsache wäre natürlich die moralische Ausbildung der
Fischlein. Sie würden unterrichtet werden, dass es das Größte und
Schönste sei, wenn ein Fischlein sich freiwillig aufopfert, und sie
alle an die Haifische glauben müßten, vor allem, wenn sie sagten,
sie würden für eine schöne Zukunft sorgen. Man würde den
Fischlein beibringen, dass diese Zukunft nur gesichert sei, wenn sie
Gehorsam lernten. Vor allen niedrigen, materialistischen,
egoistischen und marxistischen Neigungen müßten sich die Fischlein
hätten, und es sofort melden, wenn eines von ihnen solche Neigungen
verriete.
Wenn
die Haifische Menschen wären, würden sie natürlich auch
untereinander Kriege führen, um fremde Fischkästen und fremde
Fischlein zu erobern. Die Kriege würden sie von ihren eigenen
Fischlein führen lassen. Sie würden die Fischlein lehren, dass
zwischen ihnen und den Fischlein der anderen Haifische ein riesiger
Unterschied bestehe. Die Fischlein, würden sie verkünden, sich
bekanntlich stumm, aber sie schweigen in ganz verschiedenen Sprachen
und könnten einander daher unmöglich verstehen. Jedem Fischlein,
das im Krieg ein paar andere Fischlein, feindliche, in anderer
Sprache schweigende Fischlein, tötete, würde sie Orden aus Seetang
anheften und den Titel Held verleihen.
Wenn
die Haifische Menschen wären, gäbe es bei ihnen natürlich auch
eine Kunst. Es gäbe schöne Bilder, auf denen die Zähne der
Haifische in prächtigen Farben, ihre Rachen als reine Lustgärten,
in denen es sich prächtig tummeln läßt, dargestellt wären.
Die
Theater auf dem Meeresgrund würden zeigen, wie heldenmütige
Fischlein begeistert in die Haifischrachen schwimmen, und die Musik
wäre so schön, dass die Fischlein unter ihren Klängen, die Kapelle
voran, träumerisch, und in der allerangenehmste Gedanken eingelullt,
in die Haifischrachen strömten.
Auch
eine Religion gäbe es ja, wenn die Haifische Menschen wären. Sie
würde lehren, dass die Fischlein erst im Bauche der Haifische
richtig zu leben begönnen.
Übrigens
würde es auch aufhören, (wenn die Haifischen Menschen wären), dass
alle Fischlein, wie es jetzt ist, gleich sind. Einige von ihnen
würden Ämter bekommen und über die anderen gesetzt werden. Die ein
wenig größeren dürften sogar die kleineren fressen. Dies wäre für
die Haifische nur angenehm, da sie dann selber öfter größere
Brocken zu fressen bekämen. Und die größeren, Posten innehabenden
Fischlein würden für die Ordnung unter denn Fischlein sorgen,
Lehrer, Offiziere, Ingenieure im Kastenbau werden.
Kurz,
es gäbe erst eine Kultur im Meer, wenn die Haifische Menschen
wären."
Bertolt
Brecht
in:
Geschichten von Herrn Keuner
para
ouvir em alemão
mais
sobre a obra de Brecht
uma
versão in english em
uma
animação baseada no poema de Brecht
Consultei vários sítios sobre "Se os Tubarões..." e existem erros ou diferenças entre todos! Seria um problema de tradução???
ResponderExcluirConsultei vários sítios sobre "Se os Tubarões..." e existem erros ou diferenças entre todos! Seria um problema de tradução???
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